Guilherme Parente
Exposição
Data
30 Out / 20 Dezembro 2025
Hora
15:00 - 19:00
Local
Museu Arte Contemporânea
Guilherme Parente
Folha de Sala
Reunimos, nesta exposição, desenhos, gravuras e pinturas que, na sua maioria, foram produzidos entre o início da década de 1960 e o final da década de 1970, a que se juntam algumas pinturas realizadas durante a década de 1980.
Trata-se de uma escolha delimitada às primeiras décadas do trabalho do artista — entre desenhos de modelo “à vista”, um conjunto de desenhos soltos e um pequeno grupo de gravuras, pontifica um amplo conjunto de pinturas (a pastel
sobre papel e a óleo e acrílico sobre tela ou sobre madeira) —, onde se revelam já as qualidades do aventuroso colorista, do alegre experimentador, o jogo de constante vaivém entre geometria e figuração, a lógica de repetição e de transposição num sistema de livre associação de motivos, retida da aprendizagem e da prática persistente da gravura.
Há quedas que nos dão a sensação do voo, escreve Pascoaes, o aedo do Marão, no inolvidável cântico que dedica a São Jerónimo, o santo de que Guilherme Parente é devoto, o velho asceta que da sua gruta contempla o deserto com o leão, fiel, a seu lado, visão da união harmoniosa entre homem e natureza. Harmonia é uma palavra que vem à mente quando contemplamos as pinturas de Guilherme Parente, o corpo principal do seu trabalho. Paira sobre elas, sopra no seu interior um ar que tudo une — árvores, plantas, animais, santos, demónios e outras aparições mais inusitadas, tais como seres alados, discos voadores, pirâmides, cogumelos, barcos com velas, colunas que se erguem hesitantes ou figuras como budas sentados na paisagem —, um sistema de representação baseado numa lógica de aparição e num princípio de permanente circulação de símbolos, de paixões ou obsessões, à imagem dos tubos que, quais cabelos de Medusa, nelas se expandem organicamente ecoando uma torrencial energia criativa
Galeria
O artista
Guilherme Parente (Lisboa, 1940) fez estudos de pintura na Sociedade Nacional de Belas-Artes no começo da década de 1960. Na mesma década, dedicou-se àprática da gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses.
Entre 1968 e 1970 estudou na Slade School, em Londres com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. O começo do seu percurso foi fulgurante, com mostras em importantes espaços. Como muitos artistas da sua geração, realizou, em 1970, a primeira exposição individual na mítica Galeria de Arte Moderna da SNBA, a que se seguiu, em 1972, uma exposição na Galeria Buchholz e, em 1974, na Galeria Quadrum. Expôs na Galeria Módulo, no Porto, em 1976 e 1978, e, em 1981, na Galeria Alvarez e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).
Foi um dos elementos do grupo 5+1, formado em 1976 e ativo até ao início dos anos 1980, juntamente com João Hogan, Júlio Pereira, Sérgio Pombo, Teresa Magalhães e Virgílio Domingues.
Sobre o seu trabalho, que se desenvolveu com constante e notória visibilidade pública, em Portugal e no estrangeiro, até muito recentemente, escreveram,ao longo das décadas, alguns dos mais proeminentes críticos de arte portugueses, como José-Augusto França, Rui Mário Gonçalves, Sílvia Chicó, Fernando Azevedo, José Luís Porfírio, Maria João Fernandes ou Bernardo Pinto de Almeida.
A sua obra está representada em algumas das coleções institucionais portuguesas mais relevantes como, por exemplo, a do Centro de Arte Moderna Gulbenkian, do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado e da Fundação Carmona e Costa.